sexta-feira, 27 de março de 2015

Vamos falar de Vida


Meu último post a mais de um ano foi triste. Foi para falar de morte. Morte do meu amado cachorro que me faz tanta falta.
Mas hoje, será diferente. Mais de um ano depois venho para falar de vida.
No final do ano passado descobri de que estava grávida. Fiquei em choque, surpresa e ao mesmo não acreditava naquilo, apesar de querer muito um filho.
Foi aí que começou um período de angústia que durou semanas.

Tive dores e sangramento e fui ao hospital (daqueles onde famosos se tratam) e após alguns exames foi constatado que eu estava com uma gravidez ectópica, ou seja, o feto estava se desenvolvendo na trompa. Uma gravidez assim não tem chaces de evoluir, já que não há espaço para o desenvolvimento do bebê. Sendo assim, eu tinha duas opções: fazer uma cirurgia para a retirada do feto ou tomar remédios para provocar o aborto, o que me faria ter muitas dores e segundo a médica que me atendeu, eu poderia morrer caso houvesse uma hemorragia e eu estivesse na rua por exemplo.
Foram horas de angústia e tristeza ouvindo a médica com cara de pesar me dando o diagnóstico. Eu poderia perder uma das trompas mas poderia engravidar novamente.
Eu olhava para aqueles médicos na minha frente e ficava cada vez mais horrorizada. Meu marido segurava na minha mão e eu via que pela cara dele, ele também estava preocupado. A partir daquele momento a coisa ficou pior. Burocracias de hospital. Como não havia uma equipe disponível para a cirurgia, eles teriam que chamar médicos de fora para realizar o procedimento. Mas eu deveria ficar tranquila pois o "convênio iria cobrir a internação". Ok, mas e o procedimento? Para outro médico me avaliar (já seria o terceiro) seriam R$ 350,00. Ok, mas e o procedimento? Um cara me deu um monte de papel para assinar, para que eu autorizasse o procedimento. "Tá, mas e quanto custa?" O cara sai da sala, volta com os mesmos papéis e nada do valor.
Em paralelo a tudo isso, mas médicas que estavam me atendendo estavam falando com a minha médica particular, exigindo a presença dela para realizar o procedimento. Do outro lado da linha, a minha médica chamava todos eles de loucos e exigia a minha alta para que eu pudesse ser novamente avaliada, uma vez que ela tem meu histórico médico de quase 20 anos e sabe que durante todos esse período eu lutei contra diversos cistos em todos os lugares possíveis.
A informação que me foi passada é que a minha médica simplesmente não viria. O que me deixou mais nervosa (e aquele cara continuava com aquele monte de papel para que eu assinasse). Como eu e meu marido não sabíamos o quanto iríamos desembolsar, uma vez que ninguém naquele lugar era capaz de dar essa informação optamos por ir a outro hospital. Sem antes a médica me dizer que o caso era grave e poderia acontecer algo comigo no caminho do outro hospital.
Mesmo assim eu quis ir. Assumi o risco de "morrer de hemorragia" como ela mesmo me dizia simplesmente porque ninguém ali me passava tranquilidade e confiança.
Hoje eu digo: FOI A MELHOR COISA QUE FIZ NA MINHA VIDA.

Fiquei mais uma semana indo todos os dias ao outro hospital fazendo exames de sangue e ultrassom para verificar a evolução da gravidez.
Aquilo que o pessoal do primeiro hospital chamava de gravidez ectópica, nada mais era do que um cisto persistente que tenho faz décadas e que e minha médica quase aos berros dizia à outra equipe médica (depois de tudo eu soube a história real da "sua médica não vem").

Hoje estou no 5º mês de gestação de um menino perfeito e saudável, que eu e meu marido amamos demais e esperamos ansiosos pela sua chegada.
Penso que naquele momento todo de tensão houve uma mãozinha lá do alto. Algo me dizia que aquilo estava errado e eu não poderia tirar o meu filho simplesmente porque um primeiro exame acusou algo que eu custava a acreditar.
Sabemos que esse tipo de coia pode sim acontecer. Mas eu nunca acreditei que aquilo tudo fosse verdade.

Ou seja, quase tiraram meu filho por um diagnóstico errado. Prematuro e sem nenhum embasamento como meu histórico médico, por exemplo.

Resolvi dividir a minha história hoje pois muitas vezes não ouvimos aquela voz que fica dentro da gente dizendo para fazermos ou não determinada coisa, tomar essa ou aquela atitude, seguir esse ou aquele caminho.
Hoje sei que a melhor coisa que eu e meu marido fizemos foi ouvir essa voz e duvidar de tudo aquilo. Sim, agradecemos muito por aquela voz insistir.
O Pedro também agradece.


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